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Glyptodon

Colocando a narrativa no jogo

24.02.2022

5min de leitura

Sobre jogos e histórias

É possível jogar um jogo sem nenhuma história.

De fato, muitos jogos de grande popularidade não possuem uma história de fundo para justificar as ações dos jogadores: damas, jogo-da-velha, tetris e muitos outros são bem-sucedidos sem qualquer personagem, missão ou linha narrativa.

Jogos de tabuleiro da categoria euro são famosos por encaixarem uma narrativa simples em seus complexos sistemas de regras. Não importa se você controla uma tribo de homens das cavernas do paleolítico, comanda a República Romana na Antiguidade ou se dirige o destino do Império Galático: no fim das contas, você só precisa balancear os bônus, criar combos e ganhar Pontos de Vitória.

Eu amo jogos euro, mas às vezes gostaria de fazer parte de uma narrativa.

A Humanidade ama as narrativas.

Contar histórias é uma parte importante daquilo que nos faz humanos: em todos os tempos da história e em todos os lugares, seres humanos gostaram de ouvir boas histórias.

Um grande narrador pode capturar a audiência e despertar sentimentos com seus personagens, eventos e dramas. Narrativas poderosas inspiram pessoas, compartilham experiências e iniciam mudanças.  

Jogos de tabuleiro, assim como os jogos em geral, são sobre a tomada de decisões significativas. A narrativa que explica a jogabilidade não é necessária, porém se houverem personagens interessantes, eventos dramáticos e cliffhangers, os jogadores se lembrarão mais facilmente do jogo.

Para exemplificar o poder de uma boa narrativa, eu gosto de pensar naquilo que o jogo Angry Birds construiu.

Fundamentalmente, Angry Birds é um jogo sobre física: você precisa arrastar projéteis em um estilingue para acertar alvos e ganhar pontos. Simples, divertido e viciante.

Quando você acrescenta personagens (pássaros e porcos), um cenário (as ilhas que formam o mundo onde os personagens vivem) e conflitos (o roubo dos ovos), os jogadores se conectam de maneira mais profunda com o jogo e acompanham a história desse conflito brutal entre suínos e seres emplumados.

E com isso você faz dinheiro. Muito dinheiro: segundo os últimos dados fiscais, a Rovio, empresa criadora de Angry Birds, faturou mais de 273 milhões de euros de receita

Contando uma história com Paper Dungeons

Você consegue encontrar uma proto-narrativa em Paper Dungeons. As Cartas de masmorra contam histórias sobre um mundo de fantasia com anões e elfos, magia e monstros, um elemento interessante, porém muito similar aquili que encontramos em jogos baseados em Senhor dos Anéis, Conan e em qualquer RPG de fantasia medieval.

Paper Dungoens: A Longa Noite, a primeira expansão do jogo criado por Leandro Pires, novas mecânicas, regras, variantes de jogo e um aprofundamento narrativo. Agora nós temos um lugar para explorar, o Reino da Leônia e os estados vizinhos, mais detalhes sobre os sistemas de governo, as raças desse universo, suas tradições mágicas e diversos personagens.

A ideia central de A Longa Noite é conectar os jogadores ao mundo de jogo: com as side quests seu grupo de heróis vai participar de eventos como a defesa da Leônia, a luta contra a magia das sombras e a reconciliação dos elfos para proteger o Povo da Lua.

Nos próximos números da Glyptodon Magazineos jogadores encontrarão mais detalhes sobre A Longa Noite, seus heróis, vilões, lugares e contos maravilhosos de aventura e magia.